domingo, 9 de setembro de 2012

Reinos Modernos (Parte 1)

Bem, to sumido. Não que alguém tenha realmente sentido minha falta... Ou me acompanhe. De qualquer forma, vou tentar mudar isso. A partir de agora e semanalmente irei publicar (o.o ele disse "publicar Semanalmente"?! Isso mesmo Se-Ma-Nal-Mente XD) um escrito que estou redigindo. É uma narrativa baseada em algumas lendas urbanas e outras "Nerdisses" que achei navegando por aí.

Originalmente era pra ser uma narrativa de um RPG que eu estava tentando criar no sistema Story-Telling (World of Darkness), mas ela foi tomando outros rumos... Como sempre.

Ah, um feedback seria bom vez por outra... Entonces... Se não for REALMENTE nenhum grande trabalho... please, prety please, comentem.

ok, lá vai nada

Capítulo 1

           Morto. Marcus estava morto. E ninguém, especialmente as pessoas presentes naquela Catedral do santo Arcanjo Miguel, naquele momento, poderia contestar o fato.
            Chovia, trovões ribombavam por todo o céu. O ar pesava com a egrégora sombria que pairava pelas paredes daquele santo recinto. Mais a frente perto do altar várias mulheres choravam, algumas velhas, outras não. Mas uma em específico chorava copiosamente, quase a beira de um infarto. Ela teria, em circunstâncias menos pesarosas, aparentado já ter vivido muito, mas naquela momento sua aparência era decrépita: Olheiras fundas, rugas, fios grisalhos, maquiagem borrada... É, não existe coisa no mundo mais deprimente e que melhor exemplifique ou personalize o pesar do ambiente do que o pranto de uma amante e esposa dedicada diante do cadáver do marido. Para não falar no vestiário sombrio. Mas esse fato se torna irrelevante nesse ambiente.
Porque quase todos estavam de negro.
Bastava uma olhada superficial na população daquela igreja, naquele exato momento, para saber que Marcus não era um homem comum. Diversas figuras de destaque estavam presentes naquele velório, o que confundia os comuns e familiares da esposa. Dentre os presentes estavam o prefeito da cidade Victor Pinheiro, o arcebispo Jullius Caster, o secretário de Defesa do exército e alguns donos de empresas locais. Espantava ainda mais os ausentes: à exceção da única pessoa que não estava de preto, mais ninguém sentava no espaço dedicado aos familiares do falecido. Outra coisa que chamava a atenção era o motivo da presença de tão ilustres figuras em uma cerimônia aberta ao público.
Estas presenças, aliadas à pouca informação que se tinha sobre o falecido, era suficiente para que fofocas e murmúrios se iniciassem à meio-tom
Ao badalar das três horas da tarde, um sujeito bastante peculiar se levantou. Tinha uma aparência extremamente envelhecida, era pálido, tinha a pele manchada, cabelos e bigode fartos e bem cuidados, lisos, mas grisalhos. Poderia ter sessenta, até mesmo setenta anos. E ainda assim conservava uma elegância e delicadeza que simplesmente não combinavam, mas complementavam seu ar severo.
Ele subiu num pequeno pedestal, se posicionou atrás da tribuna e encarou todos os presentes. Era uma platéia razoável e bastante heterogênea. Jovens e idosos, figurões e ninguéns, homens e mulheres.
Ele não se importava. Bateu um pouco a poeira do terno branco, ajeitou um pouco a lapela e a rubra gravata; pigarreou um pouco e disse:
-Senhores, senhoras, senhoritas, excelências, agregados...- Então ele olhou além, para os portais da igreja- E vocês aí, ao pé da escada!
Todos tiveram o ímpeto de se virar. A atenção convergiu para a entrada da catedral, onde havia um grupo de pessoas se protegendo da chuva. Os convidados trocaram sorrisos nervosos retribuídos pelo constrangimento dos abrigados.
-Venham, não se acanhem- começou o homem por trás da tribuna- Quanto maior a platéia, melhor é o discurso... Ou pelo menos era nisso que este defunto aqui- Ele deu uma rápida olhadela em direção ao caixão. Um movimento breve e sutil como que para assegurar que Marcus estivesse realmente morto- Costumava acreditar... Ah, e se for por falta de familiaridade com o falecido... Bem, posso dizer com certeza que ninguém aqui realmente o conheceu. Ele foi... Como é mesmo a expressão?... “mais um ninguém no meio de milhares de ninguéns” ou alguma coisa nesse sentido.
Os abrigados começaram a adentrar a igreja. Todos tímidos e a passos meio constrangidos.
-Ora, não se preocupem. Para começar, sou Anthony, ou apenas Tony, para aqueles que gostam de nomes pequenos. E, apesar de me considerar um dos amigos mais íntimos de Marcus Devian e em seu testamento ele ter deixado explícito o desejo de minha oratória em seu funeral, meu discurso não será sobre ele...
Olhares discretamente incrédulos foram trocados e o burburinho se formou.
-Deuses- Bradou- Deixem-me terminar!
Silêncio... O homem de branco conseguiu a atenção completa da platéia fúnebre.
-Não discutirei quem foi Marcus Devian, ou seu papel fundamental em muitos dos recentes eventos, ou mesmo qual seu histórico, ou o motivo de tantos figurões nesse recinto. Não. E não o farei pelo mais simples motivo: Desejo honrar a memória de meu querido amigo. E sei que ele não gostaria que seus assuntos pessoais fosse esmiuçados diante de uma multidão como um professor de biologia dissecando um sapo para uma turma de alunos, não. Além do mais esse conhecimento seria inútil para nós, apenas mais bagagem inútil em meio ao sótão caótico que é nossa mente. Portanto, meus caros, o que direi aqui, acredito eu, será bem mais proveitoso e familiar a todos aqui presentes.
Tony sentiu a expectativa do público. Todos os olhares atentos a suas próximas palavras. Toda a atenção convergindo para seu ser. Era assim que ele gostava e era assim que tinha que ser.
Por que Anthony os tinha agora na palma de suas mãos.
- E começarei pelo tema, pelo início, que na verdade é o fim. O fim que vem para todos. Todos os caminhos levam para o meu tema, meu discurso começa aqui e com esta única palavra se inicia e será com ela que o encerrarei.
“Sim, falarei da Morte.”

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