Bem, to sumido. Não que alguém tenha realmente sentido minha falta... Ou me acompanhe. De qualquer forma, vou tentar mudar isso. A partir de agora e semanalmente irei publicar (o.o ele disse "publicar Semanalmente"?! Isso mesmo Se-Ma-Nal-Mente XD) um escrito que estou redigindo. É uma narrativa baseada em algumas lendas urbanas e outras "Nerdisses" que achei navegando por aí.
Originalmente era pra ser uma narrativa de um RPG que eu estava tentando criar no sistema Story-Telling (World of Darkness), mas ela foi tomando outros rumos... Como sempre.
Ah, um feedback seria bom vez por outra... Entonces... Se não for REALMENTE nenhum grande trabalho... please, prety please, comentem.
ok, lá vai nada
Capítulo 1
Morto. Marcus estava
morto. E ninguém, especialmente as pessoas presentes naquela Catedral do santo
Arcanjo Miguel, naquele momento, poderia contestar o fato.
Chovia, trovões ribombavam por todo
o céu. O ar pesava com a egrégora sombria que pairava pelas paredes daquele
santo recinto. Mais a frente perto do altar várias mulheres choravam, algumas
velhas, outras não. Mas uma em específico chorava copiosamente, quase a beira
de um infarto. Ela teria, em circunstâncias menos pesarosas, aparentado já ter vivido
muito, mas naquela momento sua aparência era decrépita: Olheiras fundas, rugas,
fios grisalhos, maquiagem borrada... É, não existe coisa no mundo mais deprimente
e que melhor exemplifique ou personalize o pesar do ambiente do que o pranto de
uma amante e esposa dedicada diante do cadáver do marido. Para não falar no
vestiário sombrio. Mas esse fato se torna irrelevante nesse ambiente.
Porque
quase todos estavam de negro.
Bastava
uma olhada superficial na população daquela igreja, naquele exato momento, para
saber que Marcus não era um homem comum. Diversas figuras de destaque estavam
presentes naquele velório, o que confundia os comuns e familiares da esposa.
Dentre os presentes estavam o prefeito da cidade Victor Pinheiro, o arcebispo
Jullius Caster, o secretário de Defesa do exército e alguns donos de empresas
locais. Espantava ainda mais os ausentes: à exceção da única pessoa que não
estava de preto, mais ninguém sentava no espaço dedicado aos familiares do
falecido. Outra coisa que chamava a atenção era o motivo da presença de tão
ilustres figuras em uma cerimônia aberta ao público.
Estas
presenças, aliadas à pouca informação que se tinha sobre o falecido, era
suficiente para que fofocas e murmúrios se iniciassem à meio-tom
Ao
badalar das três horas da tarde, um sujeito bastante peculiar se levantou.
Tinha uma aparência extremamente envelhecida, era pálido, tinha a pele
manchada, cabelos e bigode fartos e bem cuidados, lisos, mas grisalhos. Poderia
ter sessenta, até mesmo setenta anos. E ainda assim conservava uma elegância e
delicadeza que simplesmente não combinavam, mas complementavam seu ar severo.
Ele
subiu num pequeno pedestal, se posicionou atrás da tribuna e encarou todos os
presentes. Era uma platéia razoável e bastante heterogênea. Jovens e idosos,
figurões e ninguéns, homens e mulheres.
Ele
não se importava. Bateu um pouco a poeira do terno branco, ajeitou um pouco a
lapela e a rubra gravata; pigarreou um pouco e disse:
-Senhores,
senhoras, senhoritas, excelências, agregados...- Então ele olhou além, para os
portais da igreja- E vocês aí, ao pé da escada!
Todos
tiveram o ímpeto de se virar. A atenção convergiu para a entrada da catedral,
onde havia um grupo de pessoas se protegendo da chuva. Os convidados trocaram
sorrisos nervosos retribuídos pelo constrangimento dos abrigados.
-Venham,
não se acanhem- começou o homem por trás da tribuna- Quanto maior a platéia,
melhor é o discurso... Ou pelo menos era nisso que este defunto aqui- Ele deu
uma rápida olhadela em direção ao caixão. Um movimento breve e sutil como que
para assegurar que Marcus estivesse realmente morto- Costumava acreditar... Ah,
e se for por falta de familiaridade com o falecido... Bem, posso dizer com
certeza que ninguém aqui realmente o conheceu. Ele foi... Como é mesmo a
expressão?... “mais um ninguém no meio de milhares de ninguéns” ou alguma coisa
nesse sentido.
Os
abrigados começaram a adentrar a igreja. Todos tímidos e a passos meio
constrangidos.
-Ora,
não se preocupem. Para começar, sou Anthony, ou apenas Tony, para aqueles que
gostam de nomes pequenos. E, apesar de me considerar um dos amigos mais íntimos
de Marcus Devian e em seu testamento ele ter deixado explícito o desejo de
minha oratória em seu funeral, meu discurso não será sobre ele...
Olhares
discretamente incrédulos foram trocados e o burburinho se formou.
-Deuses-
Bradou- Deixem-me terminar!
Silêncio...
O homem de branco conseguiu a atenção completa da platéia fúnebre.
-Não
discutirei quem foi Marcus Devian, ou seu papel fundamental em muitos dos
recentes eventos, ou mesmo qual seu histórico, ou o motivo de tantos figurões
nesse recinto. Não. E não o farei pelo mais simples motivo: Desejo honrar a
memória de meu querido amigo. E sei que ele não gostaria que seus assuntos
pessoais fosse esmiuçados diante de uma multidão como um professor de biologia
dissecando um sapo para uma turma de alunos, não. Além do mais esse
conhecimento seria inútil para nós, apenas mais bagagem inútil em meio ao sótão
caótico que é nossa mente. Portanto, meus caros, o que direi aqui, acredito eu,
será bem mais proveitoso e familiar a todos aqui presentes.
Tony
sentiu a expectativa do público. Todos os olhares atentos a suas próximas
palavras. Toda a atenção convergindo para seu ser. Era assim que ele gostava e
era assim que tinha que ser.
Por
que Anthony os tinha agora na palma de suas mãos.
- E
começarei pelo tema, pelo início, que na verdade é o fim. O fim que vem para
todos. Todos os caminhos levam para o meu tema, meu discurso começa aqui e com
esta única palavra se inicia e será com ela que o encerrarei.
“Sim,
falarei da Morte.”
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